"Phantastes", GEORGE MACDONALD (RESENHA)



    Você já se imaginou vivendo uma aventura em uma Terra jamais vista? Adentrando em florestas densas e escuras, mas que carregam os mais belos tons de verdes que puderam emergir em seu campo de visão, há uma natureza proveniente da excentricidade única refletida em suas plantas, flores e bosques, as fadas dançam e riem neste meio, encarando você curiosamente e cochichando entre si. Nesta Terra há seres místicos fantásticos, sombrios, belos, às vezes, você os consegue detalhar e, em outras, não haverá palavras existentes que os possam descrever; você lutará com as criaturas mais perigosas, com uma espada forjada especialmente para você e ao lado de cavaleiros com armaduras reluzentes, você entrará em um novo mundo de magia e fantasia: Phantastes. Porém, devo confessar: antes de você… Houve alguém que conheceu esse mundo primeiro. 

    Anodos, ao completar seus vinte e um anos, herdou, de seu falecido pai, uma escrivaninha. Não que o objeto em si tivesse atraído a atenção do rapaz, não, o que havia atraído o seu interesse foi a porta do pequeno armário no centro, e ao revelar uma câmara, em sua soleira, estava uma minúscula figura feminina. Uma fada. Sua aparição foi muito importante para o início dessa aventura, visto que através dela, Anodos soube que no dia seguinte iria encontrar o caminho para a Terra das Fadas. 

    Despertado, sem estar na ambientação costumeira de seu quarto, Anodos seguiu a linha cristalina d’água, avançando para a densa floresta onde o fluxo corria, o rapaz trilhou para o mundo das fadas. E, desta forma, damos início ao livro “Phantastes”, de George MacDonald, conhecido por ser referência na fantasia moderna, o qual influenciou escritores famosíssimos, como C.S. Lewis e J. R. R. Tolkien, em suas criações.  

    Ao iniciar esta leitura, eu estava com muitas expectativas, foi uma obra que me encantei profundamente à primeira vista, havia encontrado-a em um sebo literário e me rendi à sua capa e à sua fantasia na sinopse. Não me arrependo da leitura, ao contrário, porém, ao discorrer da história, confesso que me vi perdida em alguns parâmetros. Phantastes é uma obra difícil se for para eu descrevê-la em suas ambientações, personagens e aventuras, visto que, o livro é um registro do próprio personagem, Adonos, contando suas experiências pela primeira vez na Terra das Fadas. Entretanto, pegando esse gancho, saber que são apenas registros de alguém é muito autêntico de ser ler porque, de certa forma, nós também estamos conhecendo o mundo pela primeira vez, como o personagem, e eu gostei muito desse fato. 

    Apesar de minha confusão ter se dado à escrita da história, devo admitir que a complexidade dessa criação vai muito além de ser somente um livro de fantasia, é rica em detalhes, em estruturação, é a criação completa de um mundo e suas particularidades. Porém, sua escrita revela-se de um modo prolixo, e facilmente podemos nos perder durante a leitura com tantas características e informações descritas, sendo tão imersiva ao ponto de causar dispersão, mas vale lembrar que a narrativa é de uma fantasia clássica, há poucos diálogos na obra e ela é desmembrada através dos detalhes. Minha sugestão é não mergulhar na história à procura de um objetivo ou coerência, afinal, é uma Terra criada para conhecermos. 

    O livro nos sugere também uma ordem de acontecimentos ligados às aventuras de Adonos. Capítulos onde há somente cantorias, uma Sombra que o persegue, encontros do rapaz com múltiplos personagens, que o traí ou o acolhe, que o transforma em um grande escudeiro, em um belo cavaleiro para lutar com gigantes e há o meu registro predileto de Adonos: a narrativa de Cosmo von Wehrstahl atraído por um espelho velho que o mostrava o reflexo de uma mulher que estava mas não estava no mesmo cômodo que ele.  

    Sendo assim, Phantastes foi uma leitura satisfatória para mim, tive a oportunidade de me aprofundar em uma fantasia clássica, – fazia algum tempo que eu não lia – que apesar da riqueza em detalhes e da linguagem rebuscada a qual me embaraçou um pouco, a obra não perde a essência de nos transmitir a magia da Terra das Fadas. Carrego comigo, por fim, a curiosidade em conhecer mais títulos deste autor. Leitura recomendável, principalmente para quem gosta de leituras fantasiosas, narrativas cheias de aventuras, seres místicos e prosas profundas. 

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