Resenha | Luz Latente Sobre o Subterrâneo dos Anti-humanos: Vol. 1 (Balaclava) – Everton Gullar

Ao iniciar o livro “Luz Latente Sobre o Subterrâneo dos Anti-humanos: VOL.1 (Balaclava)”, escrito por Everton Gullar, acreditei, a princípio, que seria uma obra análoga ao gênero Sci-Fi, ficção científica, e isso me deixou um tanto hesitante para entrar em um território não mais usual, para mim, na leitura. Porém, ao desenvolver a leitura adequadamente, fui surpreendida por uma obra de impactos e reviravoltas, um pouco distante do gênero mencionado.

Portanto, esta resenha é especial, pois, a convite do autor Everton Gullar, tive a oportunidade de conhecer sua obra, a qual despertou em mim grande curiosidade. Sendo este o primeiro livro da Duologia Balaclava, somos apresentados à história de Solum Vindex, um homem que, em certo momento, foi dependente químico e ausente na vida de sua única filha, Dulcis. Anos depois, já livre das substâncias químicas, passou a ter um único objetivo: vingar-se da morte injusta da filha com as próprias mãos.

A obra tem uma escrita direta, pontual e de fácil compreensão, o que tornou minha leitura convenientemente fluida, algo que admirei bastante. Apesar de a obra se opor a detalhamentos excessivos, sem rodeios, isso não a impediu de ser completa. E mesmo sendo uma obra curta, ela é carregada de essência e direções claras. Além de ser propriamente estruturada, Luz Latente Sobre o Subterrâneo dos Anti-humanos concerne a questões sociais corriqueiras inseridas em nossa sociedade – machismo estrutural, falta de acesso à Justiça, capitalismo, dentre outros –, dessa forma, a trama principal, envolta em Dulcis e Solum, é embasada diante dessa construção opinativa e reflexiva, símile à própria construção do protagonista, já que foram esses os motivos que o levaram às suas escolhas durante a história. Mas não entrarei em detalhes para não comprometer a experiência.

Na dramaturgia, em contraposição a protagonistas idealizados, temos como menção os “anti-heróis”, personagens caracterizados por seus motivos nobres e compreensíveis, mas consumados através de decisões e caminhos ilícitos, fora da lei. Solum é como um anti-herói, utilizando como exemplo transcrito um trecho do próprio livro: “O Balaclava é um herói incompreendido. No mesmo nível dos Assassinos de Anúbis, Peregrinos Profanos, Lobo Vermelho, Samurai Noturno e, mais um pouco, chegará no nível do CIVIL.” Interessante destacar que as referências mencionadas são obras do próprio autor, Everton Gullar.

Sendo assim, a história foi mais que satisfatória para mim, despertou minha curiosidade. Uma obra envolvendo fragilidade, críticas às problemáticas atuais, o enriquecimento de personagens interessantes e de trajetórias sendo percorridas. Pontos que eu gostei bastante e que valem a pena mencionar: a inserção do projeto social para as mulheres – desenvolvido por Solum como homenagem a Dulcis –, o desenvolvimento da relação com seu pai e o leve resquício de romance com Solaia, o qual eu admito que fiquei encantada para ler mais sobre.

Por fim, Luz Latente Sobre o Subterrâneo dos Anti-humanos foi meu primeiro contato com a escrita do Everton, e eu não poderia estar mais feliz pela oportunidade que tive em conhecê-la. Livro com temática importante e reflexiva, recomendo a leitura, porém mantenham-se atentos aos gatilhos abordados durante a forte narrativa.

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