Especial de Halloween | Resenha: A Noite das Bruxas – Agatha Christie

Gostosuras ou travessuras, meu caro convidado?

Doze badaladas do sino da igreja podem ser ouvidas a alguns quilômetros de distância. O Halloween começou há algumas horas, os monstros já estão à espreita e eu os aguardava para o Especial de Halloween mais esperado — talvez só por mim — deste blog. Os portões já estão fechados, os casacos pendurados no cabideiro, e não há mais para onde fugir...

Porém, meus parabéns: sua presença será crucial neste momento. Nenhum leitor poderá sair — repito — nenhum leitor poderá sair até que saibamos quem, entre nós, é o assassino de Joyce Reynolds.

Durante os preparativos habituais da tradicional festa de Halloween do vilarejo, organizada por nossa importante anfitriã, Rowena Drake, e sua majestosa convidada Ariadne Oliver, a célebre escritora de romances policiais, Joyce — uma garota de 13 anos — vangloria-se diante dos convidados, afirmando ter presenciado um assassinato. Conhecida por sua personalidade exagerada e tendência a inventar histórias, ninguém lhe dá atenção. Mas, ao final da festa, Joyce é encontrada morta, com a cabeça submersa em uma tina de água com maçãs cortadas. Diante do crime, Ariadne solicita o auxílio de Hercule Poirot para resolver o caso.

E é assim que damos início ao livro A Noite das Bruxas, romance policial de Agatha Christie, publicado em 1969. Um caso de homicídio investigado por Hercule Poirot, que conta também com a participação da própria Ariadne Oliver — e devo dizer: assimilei tanto a personagem com a própria Agatha Christie que a coincidência se tornou intrigante até agora para mim.

O livro não é um terror fantasmagórico, propriamente dito. Ele apresenta muitos personagens e diversos aspectos investigativos, o que pode torná-lo um tanto confuso em certos momentos. Mas, ao terminar a leitura, percebi o que uma das maiores autoridades da literatura policial quis fazer. Agatha Christie nos entrega muitos personagens, suspeitos e situações enigmáticas. E, quando estamos prestes a desvendar o caso, ela nos leva de volta à estaca zero, desviando nosso foco com maestria. Devo admitir: ela foi genial neste livro.

A narrativa é intrigante. Existe o desejo constante de saber mais, e quando percebemos, já devoramos metade da história. No entanto, não senti tanta fluidez em A Noite das Bruxas, o que exige uma leitura atenta, para não nos perdermos. Há muitos detalhes que poderiam ter sido descartados — elementos que não contribuem diretamente para a solução do mistério — o que torna a leitura, por vezes, lenta e um pouco penosa. Ainda assim, para quem aprecia livros ricos em minúcias, esse é um prato cheio. Vale lembrar que esses detalhes servem, muitas vezes, para tirar nossa atenção do que realmente importa. Mas há quem não goste desse tipo de artifício.

Ao final do livro, a Rainha do Crime me presenteou com uma trama cheia de elementos que mostram seu domínio sobre o raciocínio lógico e psicológico, sua habilidade em explorar o caráter dos personagens, e a forma sutil como os detalhes importantes sempre estiveram lá — bem diante de nossos olhos. E o melhor: tudo isso envolvido por uma das minhas datas comemorativas favoritas.

Eu sei quem assassinou Joyce Reynolds. E você, caro convidado?

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